Comissão de Direitos Humanos da Ales aciona Comando-Geral da PM sobre assassinato de músico
Deputada e presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Espírito Santo, Camila Valadão (PSOL) anunciou na manhã desta terça-feira (18) durante reunião ordinária do colegiado que irá oficiar o Comando-Geral da Polícia Militar para que o soldado Lucas Torrezani de Oliveira seja afastado até o final das investigações.
O policial é acusado de ter assassinado o músico Guilherme Rocha na madrugada de segunda-feira (17) na portaria de um condomínio em Jardim Camburi, bairro de Vitória.
Além do afastamento, a parlamentar pede ainda que a comissão seja informada sobre as medidas que estão sendo adotadas pelo comando e convidou a instituição para uma reunião onde será discutida a formação profissional dos policiais militares.
“Queremos dialogar, enquanto Comissão de Direitos Humanos, sobre o processo de formação dos agentes de segurança do estado. Queremos uma formação mais efetiva na proteção aos direitos humanos”, disse Valadão.
Durante a reunião, a deputada psolista lembrou três recentes casos de violência policial e amplamente noticiados pela imprensa capixaba. No dia 1° de março, veio a público a execução do adolescente Carlos Eduardo Rebouças Barros, de 17 anos, morto por um policial militar em Pedro Canário, norte do estado. Pouco mais de um mês depois, em 10 de abril, circulou pelas redes sociais um vídeo que mostra um policial agredindo um jovem com rasteira, tapas e spray de pimenta no bairro Jardim Tropical, na Serra.
Na madrugada do último domingo (16), um homem foi assassinado a tiros dentro de uma casa de shows na Capital e a suspeita é que um soldado tenha sido o autor dos disparos.
“Como podemos ver, estes não são casos isolados. Em pouco mais de um mês, quatro casos graves envolvendo policiais militares. Não vamos aceitar a violência de quem deveria nos proteger”, criticou.
Os deputados João Coser (PT) e Iriny Lopes (PT) também estiverem presentes na reunião ordinária da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos. Já os parlamentares Lucas Polese (PL) e Capitão Assumção (PL), também membros do colegiado, não comparecerem.
Entenda o caso
Uma câmera de videomonitoramento do condomínio em que o músico Guilherme Rocha morava em Jardim Camburi, Vitória, flagrou o momento em que ele foi morto pelo policial militar Lucas Torrezani de Oliveira, na madrugada de segunda-feira (17). As imagens foram divulgadas pela Polícia Civil.
Logo depois do crime, Lucas foi levado à delegacia, confessou que atirou, mas foi ouvido e liberado. A Polícia Civil disse que “ele foi ouvido pela autoridade policial, que entendeu, pelas oitivas, que não havia elementos suficientes para lavrar auto de prisão em flagrante. Por isso, naquele momento, o policial militar foi liberado e a arma ficou apreendida. Durante o decorrer do dia, através das investigações, oitivas e diligências, foi verificado que o caso não era de legítima defesa. Imediatamente, a Polícia Civil fez o pedido de prisão temporária pelo crime de homicídio qualificado do autor e aguarda o posicionamento do Poder Judiciário”.
O caso teria ocorrido por volta das 3 horas da madrugada, segundo o boletim da Polícia Militar, em um condomínio na avenida Augusto Emilio Estelita Lins. Ainda de acordo com o boletim, quando os PMs chegaram ao local, o militar estava com a arma nas mãos e a vítima caída no chão.
O PM contou aos policiais que estava bebendo com amigos perto da entrada do Bloco 1, onde a vítima morava, quando Guilherme teria o atacado e tentado desarmá-lo. Segundo informações de moradores à polícia, antes da discussão havia som alto no local.
Polícia Civil
A Polícia Civil informou que durante a madrugada desta segunda-feira (17) o autor do disparo, um policial militar, 28 anos, foi encaminhado por policiais militares para Delegacia Regional de Vitória. Ele foi ouvido pela autoridade policial, que entendeu, pelas oitivas, que não haviam elementos suficientes para lavrar auto de prisão em flagrante. Por isso, naquele momento, o policial militar foi liberado e a arma ficou apreendida.
Durante o decorrer do dia, através das investigações, oitivas e diligências, foi verificado que o caso não era de legitima defesa. Imediatamente, a Polícia Civil fez o pedido de prisão temporária pelo crime de homicídio qualificado do autor e aguarda o posicionamento do Poder Judiciário.
O PM foi preso, no início da noite de segunda-feira (17).