Médica capixaba participa de evento internacional representando o Ministério da Saúde

Médica capixaba participa de evento internacional representando o Ministério da Saúde
No Brasil, a queda nos diagnósticos de hanseníase foi de 47% durante a pandemia. Foto: Reprodução Arquivo.

O Brasil participou do evento científico Leprosy Research Initiative (LRI) Spring Meeting, realizado nos dias 20 e 21 de abril, para debater e apresentar pesquisas relacionadas à hanseníase,  uma das 20 enfermidades tropicais que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera negligenciadas.

O Ministério da Saúde foi representado pela médica capixaba, Patrícia Deps, que é membro do comitê de revisão científica (Scientific Review Committee do LRI) até 2024. Neste mandato, a médica tem avaliado e acompanhado a execução de projetos de pesquisa financiados pelo LRI.

O evento na Holanda, teve como objetivo a apresentação de 31 projetos de pesquisa, financiados pelo LRI, ao Comitê de Revisão Científica e Direção, para executivos, financiadores e convidados.

“A reunião foi uma oportunidades para pesquisadores do mundo inteiro  compartilharem ideias, apresentar seus projetos de  pesquisa e angariar recursos que envolvam hanseníase e outras doenças negligenciadas”, comentou Patrícia.

Leprosy Research Initiative

É uma iniciativa holandesa gerenciada pelo Netherlands Leprosy Relief organizada com objetivo de financiar projetos de pesquisa de qualidade científica e translacional, ou seja, que possam ter impacto na eliminação da hanseníase e melhoria da qualidade de vida das pessoas afetadas pela hanseníase. Os projetos de pesquisa atualmente devem atender as cinco prioridades da LRI: testes diagnósticos, estigma e discriminação, pesquisa operacional, transmissão e incapacidades.

Em 2023 a LRI completa 10 anos de atividades e contabiliza mais de 130 projetos de pesquisa financiados em hanseníase.

“Além de promover novos conhecimentos em hanseníase, a LRI proporciona a inclusão de pesquisadores localizados em países endêmicos e de vulnerabilidade econômica, estimulando a capacitação em pesquisa nestes países”, nos contou Patrícia Deps.

Para mais informações sobre o LRI, acesse https://leprosyresearch.org

Hanseníase

Em 2021, 76 países relataram casos de hanseníase, e em 2022, foram 216 mil casos novos foram detectados em todo o mundo, em particular na Índia e no Brasil. De2017 a 2021 foram diagnosticados 119.698 casos novos de hanseníase no Brasil (Ministério da Saúde, Boletim Epidemiológico de Hanseníase, 2023).

No Espírito Santo, segundo dados do Programa Estadual de Controle da Hanseníase, em 2019 foram registrados cerca de 482 novos casos, em 2018 foram 467. Embora os números de novos casos diagnosticados em 2020, 2021 e 2022 tenham apontado uma queda, Patrícia Deps alerta para um possível acúmulo de casos não diagnosticados durante a pandemia de COVID-19. Tal fato foi identificado por diversos pesquisadores e reconhecido pela OMS.

A hanseníase é causada por duas micobactérias. De acordo com Patrícia, o período de incubação é de 3 a 7 anos. Portanto, pessoas que tiveram contato com infectados durante a pandemia, principalmente dentro de suas casas, em isolamento, podem vir ainda a manifestar a doença.

A pesquisadora explica que o contágio é feito por meio de contato próximo e contínuo com a pessoa com a forma multibacilar da hanseníase e que ainda não iniciou a poliquimioterapia, tratamento específico indicado pela OMS. A doença, se não tratada precocemente, pode causar, por exemplo, dano neural e perda da visão, irreversíveis, incapacitando a pessoa rapidamente, de 6 a 12 meses.

Patrícia acrescenta que a OMS doa medicamentos para países endêmicos, entre eles, o Brasil.

“Entretanto, em 2020, por causa da pandemia, houve paralisação de três meses na produção, portanto, os pacientes tiveram que paralisar o tratamento nesse período, o que pode ter também vir a contribuir para acentuar a transmissão em todo o país, inclusive no Espírito Santo”, lamenta.