174 anos do maior movimento contra a escravidão no Espírito Santo é comemorado na Ales

174 anos do maior movimento contra a escravidão no Espírito Santo é comemorado na Ales
A Insurreição do Queimado foi lembrada com a entrega da Medalha Chico Prego. Foto: Victor Thomé.

Para lembrar os 174 anos da Insurreição de São José do Queimado, o principal movimento contra a escravidão no Espírito Santo, a deputada Iriny Lopes (PT) promoveu sessão solene na Assembleia Legislativa, na noite de terça-feira (11). Trinta homenageados, entre pessoas e entidades, receberam a Medalha Chico Prego, nome do principal líder da chamada Revolta do Queimado, ocorrida em 19 de março de 1849, no município da Serra.

“Hoje vimos uma cena absurda e revoltante contra a luta do povo negro, com a postura de uma ex-jogadora de vôlei do Rio de Janeiro usando uma coleira de cachorro para agredir dois jovens negros que trabalhavam como entregadores de lanches. Hoje o Brasil luta diariamente contra uma abolição que nunca chegou. É sempre o povo negro o primeiro a ser atingido, sendo considerado um brasileiro de segunda categoria”, afirmou Iriny Lopes.

Homenagem foi iniciativa da deputada Iriny Lopes. Foto: Victor Thomé.

“O número de vítimas do feminicídio caiu no País, mas não entre as mulheres negras. O racismo nunca acabou e até o ex-presidente do Brasil (Jair Bolsonaro) disse que preferia ter um filho morto a vê-lo casado com uma mulher negra”, prosseguiu a parlamentar.

A Medalha Chico Prego é concedida a personalidades e entidades da sociedade civil organizada que se destacam nas lutas contra a discriminação racial e em defesa das causas do povo negro.

A presidente do Conselho Estadual da Igualdade Racial, Fátima Tolentino da Silva, falou sobre a luta por dias melhores.

“Celebrar em sessão solene a Insurreição de Queimados é fazer reviver os momentos de luta e lembrar que são os corpos negros os mais sacrificados nas políticas públicas. Queremos acesso às universidades, no trabalho e no lazer, pois inteligência nós temos e sabemos aonde queremos chegar na saúde e na educação. Queimado não é só da Serra, mas sim do Brasil, e não pode ficar abandonado”, afirmou.

Além de Fátima Tolentino, autoridades e representantes do movimento negro compuseram a mesa do evento: Elcimara Loureiro (vereadora do município de Serra); Eliane Mendeira Pedro Santos (Mãe Oyasse), Rafael Primo (subsecretário estadual de Direitos Humanos);  Alvarito Mendes Filho (secretário municipal de Cultura de Cariacica); Madalena Maria Teles Correa, presidente do Fórum Chico Prego; e Galdene Santos (presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos).

A insurreição

Em 19 de março de 1849 ocorreu a Insurreição de São José do Queimado, na Serra, o principal movimento contra a escravidão no Espírito Santo. A revolta, liderada por Chico Prego, João da Viúva, Elisiário e outros, foi motivada por uma promessa de liberdade feita aos escravizados, mas não cumprida pelo frei Gregório de Bene: se construíssem a igreja, ao final da obra eles iriam receber a carta de alforria.

Centenas de pessoas participaram da rebelião, que acabou sendo reprimida pelas autoridades. Cinco líderes foram condenados à morte, incluindo Chico Prego, que foi capturado e enforcado em 11 de janeiro de 1850. No entanto, Elisiário conseguiu escapar da prisão e se refugiou nas matas do morro do Mestre Álvaro e nunca foi recapturado.

Homenageados

  • Márcia Maria Rangel Monteiro
  • Maria de Lourdes Ferreira de Souza
  • Dandara Gaspar Pereira
  • Fátima Tolentino da Silva
  • Rafael Nascimento Miranda
  • Maria Aparecida Ferreira
  • Maria Francisca Campos de Faria
  • Sheila Caria de Sousa
  • Girlandia Conceição dos Santos
  • Ivo da Silva Lopes
  • Diego Ramiro Araoz Alves
  • Teodorico Boa Morte
  • Centro de Defesa dos Direitos Humanos
  • Eliane Mendeira Pedro Santos
  • Renata Geja Ernesto
  • Edisson Mandela Rangel Monteiro
  • Sociedade Cultural Banda de Congo Konshaça
  • Jackeline Oliveira Rocha
  • Helder Ignacio Salomão
  • José Tarcísio Ribeiro Pinto
  • Padre Márcio Almeida Ghil
  • Padre Paulo Sérgio Vaillant
  • Roberto Carlos Teles Braga
  • Dalva Lyrio Guterra
  • Jânio Márcio da Silva
  • Jocelino da Conceição Silva Júnior
  • Abnael de Jesus Santos
  • Emiliana Amorim
  • Marco Antônio Carolino da Silva
  • Jocimar Nunes