Aumento dos crimes de furto e roubo na região do Caparaó foi discutido em Guacuí
O número de crimes contra o patrimônio cresceu no primeiro trimestre de 2023, em comparação ao mesmo período do ano passado no município de Guaçuí e em outras sete cidades da região. É o que detectou um diagnóstico realizado pela Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa (Ales). O levantamento apresentado durante audiência pública do colegiado, realizada na noite de quinta-feira (13), em Guaçuí, aponta que o furto de aparelhos celulares é o que mais cresceu.
Além de Guaçuí, a reunião abrangeu os municípios de Bom Jesus do Norte, São José do Calçado, Divino de São Lourenço, Alegre, Dores do Rio Preto, Jerônimo Monteiro e Apiacá. O levantamento aponta um total de 55 furtos de celulares nesses municípios, nos três primeiros meses de 2023; são 13 a mais do que o número registrado no mesmo período, em 2022.
O furto de veículos também cresceu: foram registradas 21 ocorrências, 6 a mais do que no ano passado. Ainda neste primeiro trimestre foram registrados 3 homicídios, sendo 2 em Alegre e 1 em Guaçuí. Em 2022 não houve nenhum assassinato nesses oito municípios, neste período.
No caso específico de Guaçuí, o comandante da Polícia Militar (PM-ES) no município, Capitão Zuqui, explicou que, nos últimos anos, os homicídios têm se concentrado mais na zona rural da cidade. Para o policial, as pessoas, muitas vezes, superdimensionam os problemas; ele afirmou que os números mostram que a violência vem diminuindo no município.
“As pessoas acham que o caos está maior do que realmente está. Em 2021 tivemos seis homicídios em Guaçuí, no ano passado tivemos dois, nenhum na zona urbana. Ninguém se lembra do último homicídio na zona urbana de Guaçuí. Esse ano foi um, agora em março, na zona rural. Decorrente de quê? Briga familiar, uso de droga e álcool indiscriminadamente”, pontuou.
Impunidade
Os números acendem um alerta para a Comissão de Segurança. O presidente do colegiado, deputado Delegado Danilo Bahiense (PL), acredita que a impunidade acaba contribuindo para a reincidência desses crimes. “De cada 100 prisões que realizam, 40 a 50 são soltos em audiência de custódia. Mesmo assim, os presídios estão superlotados, com mais de 20 mil presos (no Espírito Santo)”, lamentou o parlamentar.
Bahiense defendeu uma ação mais enérgica do Estado para combater os mais variados tipos de crimes registrados.
“Não pode haver passividade frente a esse problema tão caótico que nós estamos vivendo no Estado. Estupros dentro e fora de casa, estupros seguidos de assassinatos, homicídios, roubos seguidos de morte, tráfico de entorpecentes, império das organizações criminosas, crescente número de furtos e roubos, insegurança e pânico”, listou o deputado.
Desvalorização da polícia
A desvalorização dos agentes de segurança pública do Espírito Santo é também um fator preponderante para a “derrota” do Estado para as organizações criminosas, na opinião do presidente da comissão. O despreparo, a baixa remuneração e a falta de reconhecimento são alguns dos itens apontados pelo parlamentar na reunião.
“Policiais intimidados e criminosos protegidos e audaciosos. Policiais despreparados e mal remunerados, sem qualquer reconhecimento institucional, governamental e social. O Estado atento e cirúrgico para cobrar e punir a menor falha, mas anestesiado e omisso para valorizar esses heróis, que enfrentam suas vidas e que entregam suas juventudes, seu tempo, a família, sua saúde física e emocional, sua própria vida se necessário, para proteger a nossa sociedade”, opinou.
Violência nas escolas
A violência nas escolas foi tema abordado por diversas vezes durante a audiência pública. O deputado Coronel Weliton (PTB) disse que se trata de uma questão senível e ressaltou que os poderes públicos constituídos estão buscando soluções para evitar que novas tragédias ocorram em terras capixabas.
“Essa violência que nós sabemos que foi banalizada ao longo do tempo e que atingiu nossas ruas, nossas casas, nossos comércios, ora, agora chegou às nossas escolas. Então, acredito que é um tema atual e que, com certeza, será pautado. Lá na Assembleia Legislativa já estão em andamento diversos projetos, indicações, referentes à instalação de câmeras, de instalação de portas com sensibilidade para metal. O próprio governo do Estado do Espírito Santo está se movimentando para colocar psicólogos nas escolas, pra colocar policiamento nas escolas, pra colocar segurança armada nas escolas”, afirmou.
Conclusão
Bahiense disse que, após cada uma dessas audiências públicas é gerado um relatório, reunindo os problemas e soluções apontadas pelos especialistas em segurança, lideranças políticas e sociedade, de maneira geral. O presidente da comissão explicou que esse diálogo contribui para que o colegiado formule novos projetos de lei e indicações, com o objetivo de solucionar os problemas de cada uma das regiões ouvidas nas audiências.