Deputados aprovam que mulheres tenham direito acompanhantes em consultas no ES

Deputados aprovam que mulheres tenham direito acompanhantes em consultas no ES

Os deputados aprovaram uma emenda substitutiva ao Projeto de Lei (PL) 515/2022, que concede às mulheres o direito de levar um acompanhante nas consultas e exames, inclusive, os ginecológicos, nos estabelecimentos públicos e privados de saúde no Espírito Santo. A matéria, de Iriny Lopes (PT), foi acatada na sessão ordinária da Assembleia Legislativa (Ales) desta terça-feira (21).

Tramitando em regime de urgência, a proposta foi analisada nas comissões reunidas de Justiça, Saúde e Finanças. O relator foi Mazinho dos Anjos (PSDB), que contou ter optado por fazer uma emenda substitutiva por haver mais quatro propostas apensadas à original e que o objetivo era contemplar todas elas.

Dessa forma, emitiu parecer pela constitucionalidade e aprovação, que foi seguido pelos membros dos colegiados e depois pelo Plenário da Casa. Tramitaram apensados os PLs 12/2023, de Hudson Leal (Republicanos); 48/2023, de Tyago Hoffmann (PSB); 81/2023, de Pablo Muribeca (Patri) e 89/2023, de Alexandre Xambinho (PSC).

Após a votação os parlamentares fizeram a justificativa de voto. Iriny agradeceu aos colegas e pontuou que existem vários tipos de constrangimentos que as mulheres passam em atendimentos prestados por maus médicos. “Nossa intenção foi proteger as mulheres e os bons médicos e enfermeiros, porque o julgamento cai sobre a categoria como se todos fossem abusadores”, frisou.

Xambinho lembrou o caso de um anestesista preso por estupro no Rio de Janeiro durante um parto e que a ideia é evitar isso no Espírito Santo. “A Casa mostra sua preocupação com as mulheres capixabas”, disse. Alcântaro Filho (Republicanos) reforçou que a proposição preserva a segurança das mulheres e também respalda os médicos.

Um dos autores dos projetos apensados, Hoffmann celebrou a aprovação da matéria no mês dedicado às mulheres. “Os parlamentares têm compromisso com a causa do empoderamento feminino. Vamos lutar pela redução de todas as desigualdades, inclusive, a de gênero”, ressaltou.

Janete de Sá (PSB) citou que já ocorreram diversas denúncias de pacientes que vão até um consultório médico e não sabem que estão sendo violentadas. “O direito de entrar com alguém na consulta visa proteger a mulher e o profissional da saúde de alguma denúncia posterior”, salientou.

Outros deputados, como Callegari, Delegado Danilo Bahiense, e Lucas Polese (todos do PL), Dr. Bruno Resende (União) e Muribeca (Patri) também elogiaram a iniciativa.

A proposta segue agora para sanção ou veto do governador Renato Casagrande (PSB).

Versão final

Na emenda substitutiva Mazinho especificou que a Portaria 1.820/2009 do Ministério da Saúde (MS) já assegura o direito de a mulher ter uma pessoa da confiança dela nos atendimentos de saúde. Além disso, esclareceu que os estabelecimentos precisam informar esse direito em local visível e de fácil acesso às pacientes.

Se não for possível um acompanhante ficar no local do procedimento por questões de segurança, o médico ou técnico responsável terá que informar, por escrito, quais são os riscos. Quem descumprir a possível lei poderá ser punido na forma da Lei Complementar 46/1994 se for funcionário público e responsabilizado civilmente se for profissional da iniciativa privada.

Caso o PL vire lei, a nova legislação entra em vigor na data de sua publicação em diário oficial. O Poder Executivo terá um prazo de 90 dias para regulamentar a lei no que couber.

Armas de brinquedo

Encabeçava a pauta de votação a redação final do PL 439/2017, do ex-deputado Doutor Hércules (Patri), que proíbe a fabricação, venda e comercialização de armas de brinquedo no Estado. O tema causou polêmica no Plenário com vários parlamentares se manifestando contra a iniciativa, enquanto outros argumentavam que o tempo da análise do mérito havia sido superado, pois se tratava somente da redação final. Isso ocorre quando o texto original é modificado e retorna para análise da Comissão de Justiça.

Mais tarde, entretanto, foi recordado que a proposição original tinha sido modificada, com a restrição dos tipos de armas de brinquedo que poderiam ser proibidas pela matéria. Assim, na versão final, o PL contempla apenas as réplicas ou simulacros de armas, ou aquelas que disparam laser.

Ao final, após algumas idas e vindas sobre a possibilidade de votação nominal ou não, Hudson Leal (Republicanos), que presidia a sessão no momento, divulgou os nomes dos parlamentares que se manifestaram contrariamente no momento da votação: Capitão Assumção, Delegado Danilo Bahiense, Lucas Polese e Zé Preto (todos do PL); Alcântaro Filho e Bispo Alves (ambos do Republicanos), Lucas Scaramussa (Podemos) e Pablo Muribeca (Patri). Porém diversos outros se posicionaram contra o projeto, mesmo estando em redação final. O texto segue para sanção ou veto do governador Renato Casagrande (PSB).

Confira como ficou a Ordem do Dia:

  • 1. Projeto de Lei (PL) 439/2017, do ex-deputado Doutor Hércules (Patri), que dispõe sobre a proibição de fabricação, venda e comercialização de armas de brinquedo. Aprovada a redação final;
  • 2. Projeto de Lei (PL) 32/2019, do ex-deputado Marcos Garcia (PP), que determina a alimentação diferenciada a crianças e adolescentes portadores de intolerância à lactose na merenda escolar em instituições da rede estadual de ensino. Aprovada a redação final;
  • 3.  Projeto de Lei (PL) 694/2019, do Capitão Assumção (PL), que obriga as empresas prestadoras de serviços a informar ao consumidor quanto ao fim dos prazos de descontos ou vantagens temporárias oferecidas. Aprovada a redação final;
  • 4. Projeto de Lei (PL) 515/2022, de Iriny Lopes (PT), que dispõe sobre o direito de toda mulher a ter acompanhante, pessoa de sua livre escolha, nas consultas e exames, inclusive os ginecológicos, nos estabelecimentos públicos e privados de saúde no Espírito Santo. (Em anexo por se tratarem de matérias correlatas, os PLs 12/2023, de Hudson Leal (Republicanos); 48/2023, de Tyago Hoffmann (PSB); 81/2023, de Pablo Muribeca (Patri) e 89/2023, de Alexandre Xambinho (PSC)). Aprovado.

Fonte: Ales.