Instituto de Previdência da Serra lança material informativo sobre dermatose ocupacional
Trabalhador da iniciativa privada ou do serviço público, a verdade é que nenhum dos dois está livre de contrair uma dermatose ocupacional. Mas o que seria exatamente isso? Trata-se de qualquer alteração da pele ou mucosa que é direta ou indiretamente causada por agentes presentes no ambiente de trabalho, em sua grande maioria, agentes químicos.
O que causa uma certa preocupação é que há poucos estudos no Brasil relativos à enfermidade, em razão de sua notificação não ser obrigatória, e porque muitos trabalhadores não procuram os serviços de saúde com medo de uma possível retaliação que envolva perda de emprego.
Para ajudar nesse processo de divulgação e levar mais qualidade de vida aos segurados e munícipes, o Instituto de Previdência dos Servidores da Serra (IPS) preparou um material a respeito da doença. Ele é fruto de uma parceria entre a médica perita Raquel Pires de Mesquita e o Departamento de Previdência (Deprev).
O que causa a dermatose ocupacional?
Há causas indiretas, que são aquelas que criam as condições para o surgimento dos sintomas ou da doença, e as diretas, as quais atuam diretamente sobre a pele, produzindo ou agravando uma dermatose preexistente.
Quais seriam as causas diretas?
Em 80% dos casos, os agentes químicos, tais como: cimento; borracha; derivados de petróleo; óleos de corte, utilizados nas indústrias mecânicas em operações de corte e usinagem de metais; os metais cromo, níquel e cobalto; madeira e resina epóxi (essa última presente em tintas, colas e adesivos).
Há também agentes biológicos, como bactérias, fungos, leveduras e insetos, os quais afetam, principalmente: trabalhadores que manipulam couro ou carne animal; tratadores de animais; vendedores de peixe; açougueiros; jardineiros; balconistas de bar; barbeiros; entre outros.
Por fim, existem os agentes físicos: calor; frio; vibrações; eletricidade; radiações; micro-ondas e laser.
E quais são as causas indiretas?
A idade, já que trabalhadores jovens e menos experientes tendem a ser mais afetados, por um desconhecimento normal de toda pessoa que inicia uma atividade sobre as substâncias as quais estará exposta e quais os cuidados a serem tomados;
O gênero, porque, apesar de ambos poderem contrair, nas mulheres, o quadro costuma ser menos grave e a melhora mais rápida do que nos homens;
A etnia, com maior proteção contra a ação da luz nos indivíduos amarelos e negros;
O clima, já que a temperatura ambiental e a umidade influenciam o aparecimento de dermatoses como piodermites (infecções provocadas por bactérias) e micoses (por fungos). O trabalho ao ar livre também está sujeito à doença, devido à ação da luz solar, picadas de insetos, contato com vegetais e exposição à chuva e vento;
Antecedentes de outras dermatoses não ocupacionais e condições de trabalho inadequadas.
Quais são os principais sintomas da dermatose ocupacional?
Em cerca de 70% dos casos, dermatites de contato por irritação, as quais atingem mãos, antebraços, pescoço, face e pernas.
As lesões podem iniciar com leve vermelhidão da pele, inchaço e bolhas, acompanhados de intensa coceira, evoluindo para espessamento da pele, descamação e fissuras. Nas demais situações, o que ocorre, normalmente, é uma dermatite de contato alérgica, causada por substâncias químicas em baixa concentração, sendo as mais comuns no Brasil pelo cromo e borracha.
A evolução é semelhante à de contato por irritação e a enfermidade só pode ser curada quando identificada a substância alergênica e evitados novos contatos com a pele. Para a investigação, é necessário procurar um médico alergista e realizar um teste epicutâneo.
E há alguma forma de prevenção?
Sim e são medidas de proteção coletiva e individual, tais como: eliminação dos agentes nocivos ou substituição de sua forma de apresentação; enclausuramento total ou parcial do processo de produção (barreira que impede o acesso dos trabalhadores às zonas de perigo); automatização de operações geradoras de contaminação; isolamento das áreas de risco; ventilação exaustora (que distribui o vento por todo o ambiente); higiene pessoal e coletiva (lavatórios, chuveiros, vestiários e/ou sanitários); e uso de equipamento de proteção individual (EPI), como luvas, pomadas protetoras, roupas especiais, máscaras e botas.